sábado, 12 de março de 2011

Ser "alguém na vida"

Quando somos pequenos nossos pais nos ensinam que temos que estudar para "ser alguém na vida" e hoje, nessa madrugada de sono confuso, que vai e vem, eu digo:
- "Ei mãe!!Eu estudei! Me diz agora quem eu sou!? Me diz agora que vida é essa que espera por aqueles que estudam, que lêem, que se mantém informados, que falam um segundo idioma, que são "antenados". Me diz agora que, tenho tudo isso assinalado, qual é o próximo passo?
Não há caminhos que alguém possa percorrer pela gente, essa é a lição que aprendi. Temos que trilhar o caminho e de preferência com os próprios pés.
Estudamos, nos antenamos, casamos, procriamos...em busca do tão falado FINAL FELIZ, o "lá  na frente" a que alguns mais velhos se referem. E me pergunto: E se o final  não for tão feliz assim? E onde fica esse bendito final? Quando eu sei que é o final?
Final é chegar aos 60 anos e enumerar os feitos, as conquistas, contar os netos correndo pela casa, os diplomas pendurados na parede e sentados na cadeira de balanço dizer: Valeu a pena!?
É só isso?!
Eu sou e estou nesta noite, nostalgicamente analítica com a vida e sabe, acho que o mundo está analítico e lógico. Acabaram-se as tradições, não fazemos mais os "rituais", família se tornou um conglomerado de pessoas, de certa forma, estranhas. Onde ninguém conhece ninguém, não se dialoga, nem partilham os anseios e os fatos do dia.
É frio e chocante pensar assim, eu sei. Mas me diz então qual a essência da vida? Se o mundo vai caminhando nesse passo onde somos levados por uma onda de  que temos que ser "capazes", porque os incapazes serão excluidos do "sistema". Que sistema?! Um bando de burocracia impostas por nós mesmos a nós mesmos e a nossos "hermanos"?! 
Ah! Entendo! É uma maneira simplista de dificultar as coisas.
Eu não estou pessimista, nem estou pouco entusiasmada, apenas estou querendo um pouco de reflexão. Somos criados baseados no fato de que um dia teremos tudo aquilo que o dinheiro pode comprar, claro, mediante estudo, uma boa escolha profissional e conhecer pessoas influentes. Traçamos nossa adolescência como uma troca justa entre diversão e interesses. Prazeres e disputas. Amamos os nossos amigos, contanto que sejamos o primeiro da lista e que o grupo goste mais de mim do que de qualquer outro, lutamos bravamente por um espaço no grupinho popular, chamamos a atenção, viramos os olofotes. A vida é um ciclo que se repete. E quando vejo os jovens de hoje , lembro que dia desses eu tava nessa batalha que, hoje, percebo não faz diferença nenhuma quem ganha ou perde. 
Se você é o CDF ou o desleixado, o popular ou o "invisível", a gata ou a patinho feio.
A essência é o que vale. O que somos, o que formamos de caráter com as lições que a vida nos dá é o que fica. E não importa muito quantos certificados você tenha pendurado na parede, basta um ideal, manter a rota, identificar os percalços do caminho, chorar no colo da mãe de vez em quando, e seguir em frente. 
E se ser alguém na vida, dependesse de diplomas e certificações, o cargo mais alto de um país, não teria sido ocupado durante 8 anos por um cara que não tinha graduação, não falava outro idioma,  apenas aprendeu com a vida, manteve o ideal e sonhou.

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