Ás vezes me vem na mente coisas tão confusas de se escrever.
Ou porque não fazem sentido algum serem teorizadas aqui, ou porque não tenho sequer uma idéia exata de concluí-las.
E pode-se ir escrevendo sem saber ao certo como será o fim, ou mesmo, se chegará esse momento tão breve.
Foto: Internet |
Estava eu pensando, ao caminhar pela cidade, em como o mundo anda, e como tudo gira. Um dia estamos numa pequena aldeia em que todos se conhecem e noutro numa megalópole onde nada parece comum.
Nada parece conhecido e não há um modo de se reconhecer ou ser especificamente reconhecido nesse mundo incomum.
Queimados sempre foi uma casa, um lar, a extensão do meu quintal por onde quer que eu andasse. Aqui eu me sentia livre, segura e feliz sem ter nenhum tipo de preocupação. A não ser o fato de que minha mãe pudesse estar me esperando para o almoço ou jantar.
Hoje, nada disso existe em mim. Não conheço as pessoas que rondam a cidade, não encontro facilmente os amigos mais chegados pela rua. E nem mesmo sei o nome das ruas! Tudo mudou!
A modernidade chegou.
E Queimados aderiu uma roupagem sutil de uma garota suburbana que pensa estar na moda. Patrimônios históricos dão lugar a prédios modernos que vão servir de fonte de consumo para essa população que cresce desordenadamente sem conhecer a nossa essência.
Nos deixamos invadir sem que ninguém pedisse licença. E tratamos de abrir as portas apenas pensando naquilo que a visita trazia embrulhado naquele pedaço de papel-de-pão.
Um baile, uma festinha, uma peça teatral, um delírio, uma oração conjunta.
Foto: Bárbara Marinho |
E no abrir de olhos, a cidade inteira mudou. E quem fez parte desse processo? Quem ditou as regras?
Quem autorizou a essa pequena menina usar roupas tão curtas?
Sinto falta do meu pequeno quintal, onde eu me sentia à vontade e pedalava sem medo de perder a bicicleta.
E achava que crianças correndo na rua, ou era uma pipa "avoada" ou um pique-pega!
Jamais pensei que nesse solo gentil um moleque cresceria bandido e sem saber de que mãe é filho e nem conheceria a história da terra que pisa.
Quem hoje em dia ao subir o viaduto no entardecer de um lindo dia, aprecia o pôr-do-sol?
E quem entra numa vibe profunda olhando as poucas centenárias árvores que restam nesse solo fértil que, em meio a esse inverno, estão de folhas caídas deixando os raios de sol chegarem mais facilmente ao chão? Tentando em vão afastar o frio, ou mesmo aquecer um coração.
Foto: Bárbara Marinho |
Imagino tantas coisas e possibilidades, talvez quem sabe, uma forma de descobrir os tesouros dessa cidade e expor na televisão ("As belezas de Queimados, você vê por aqui!!").
Penso em tantas coisas que vivi aqui, em tanta história que esse lugar carrega. São tantas vidas, tanta transformação, e uma beleza pouco revelada e às vezes vulgarizada. Enalteçamos nossa terra amada!
Tenho sede de reconhecer as paredes dessa casa. E de me reconhecer nesse espaço comum, incomum.
Não sei quem mudou a decoração. Não sei se vou me acostumar.
O branco das cortinas, agora tomaram cor.
As montanhas são apenas a moldura para o quadro, mas a pintura cabe a cada artista.
E para quem chega, aprecie a obra, tire fotos, guarde recordações, respire ainda um pouco do nosso ar quase puro.
Foto: Geraldo Moreira |
Um dia, essa minha cidadezinha estará cercada de muros.
De grades e mansões.
De polícias e ladrões.
E de uma vida comum das cidades que crescem,
de um filho que sai de casa.
Não lamente que a menina Queimados tenha crescido. A evolução é necessária. O que precisa é ser ordenada. É mais ou menos esse sentimento que uma mãe tem em relação ao filho. Quem manda eles crescerem? A natureza! Pois é, minha querida, Queimados já não é mais uma menina boba e tímida. Queimados atinge este ano a maturidade (21 anos) e penso sim, que está preparada para viver plenamente a sua juventude e abrigar seus munícipes de forma mais confortável. A vida é assim: as crianças crescem e se tornam adultos incríveis!
ResponderExcluirQueimados é uma moça muito bonita, que caminha a passos largos em direção ao progresso e ao sucesso! Brindemos à sua cidade, à “minha” cidade, à cidade que é de todos nós!!!
Adorei a homenagem à cidade!
Meu carinho!
http://pequenocaminho.blogspot.com
Saudosismo gostoso. Às vezes dá vontade de parar de caminhar por medo de como as coisas ficarão, mas é preciso andar. Algumas vezes os passos são para trás, é bem verdade. Mas é preciso andar.
ResponderExcluirOi Bárbara,
ResponderExcluirseu carinho por Queimados é uma demonstração indiscutível, de como as nossas raízes nos fortalecem e servem de verdadeiro fator para o nosso equilibrio emocional.
Fincar o pé no chão das nossas origens é poder reviver a cada dia nossas melhores lembranças.
Um abração carioca.